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Durante 35 anos trabalhei fazendo roupas . Tive uma confecção feminina e um ateliê de alta costura e alfaiataria, onde fazia vestidos de noiva e figurinos para cantoras. Vestidos de noiva têm que ser ornamentados. O que mais se usa são rendas e bordados com pedrarias. Fiz alguns vestidos assim, mas o que a gente mais fazia no ateliê era uma ornamentação personalizada. Eu conversava muito com as noivas e desenvolvia formatos e texturas de acordo com seus corpos, desejos e necessidades da festa. Nós fazíamos vestidos exclusivos. Em dez anos os únicos vestidos que repetimos foram os criados para desfiles. Vestido criado para uma noiva nunca mais era repetido. Até porque cada noiva é única, no corpo, no gosto, no cerimonial. Cada uma tem um sonho de casamento. Uma é totalmente chique, outra quer deixar a festa de veleiro, nadar nas águas do rio Santarém pra pegar o barco que a levará pra lua-de-mel.



Uma tem o sonho de entrar de princesa, mas abrir a pista dançando um tango, precisa de uma saia descartável. Só tem uma unanimidade entre as noivas: todas querem dançar muito. Então elas tinham que dançar muito na sala de prova, porque a barra tem que ser ajustada pra ser elegante mas permitir que se dance sem pisar no vestido. Foram 10 anos mergulhada nisso.






fotos - Bob Wolfenson
Em 2016 achei que já estava bom. Fechei o ateliê, abri um bem menor na minha casa pra continuar a atender as cantoras. Foi uma alegria poder trabalhar livremente com cor e formato. Abri uma pequena confecção de vestidos bem cortados e bem acabados e passei a ampliar meu ramo de atuação. Fiz um livrinho de feltro que acabou parando nas mãos de um dos maiores fabricantes de feltro do Brasil e por dois anos fui diretora de arte dos estandes na maiore feira de artesanato do Brasil. Em 2019 comecei a estudar desenho de produto e design para poder fazer uma das coisas que considero mais fundamentais na decoração de uma casa, a iluminação. A ideia era trazer tecidos e técnicas que usava para fazer roupas, na criação de peças que iluminassem com aconchego e conforto visual. Na primeira linha a madeira é a base das peças. A estrutura dos pés deu espaço para a madeira mostrar seus veios e anéis, que acabaram servindo de inspiração para o trabalho de texturização do tecido. Trabalhei o algodão que cobre as cúpulas com costuras ornamentais delicadas e bordado sashiko, simulando os desenhos da madeira.
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